quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pequeno Poema Didático

O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.
A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa.
Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre…
Todas as horas são horas extremas!
Mário Quintana

Diálogos de Infoeducação Convida: Lesley S. Farmer


Sobre a palestrante:
Dr. Lesley Farmer, Professor at California State University Long Beach, coordinates the Librarianship program. Dr. Farmer has worked as a library media teacher in K-12 school settings as well as in public, special and academic libraries. She chairs the Information Literacy SIG of the International Association for School Librarianship, chaired the Educators of Library Media Specialists Section of AASL, and is incoming chair for the Education Section of Special Libraries Association. Dr. Farmer is a frequent presenter and writer for the profession. Her latest books include Collaborating with Administrators and Educational Support Staff (Neal-Schuman, 2006) and The Human Side of Reference and Information Services in Academic Libraries (Chandos, 2007).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fórum sobre Infoeducação


Colabori
(CBD- ECA/USP)
CONVIDA
FÓRUM DE INFOEDUCAÇÃO
APRENDIZAGENS INFORMACIONAIS E LEITURA

CONVIDADO: Prof. Dr. Max Butlen* (Université Cergy-Pontoise-França)
Data: 20 a 23 de outubro de 2008

* Max Butlen é Vice-Diretor do Instituto de Formação de Professores de Versailles; foi também vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas e um dos responsáveis pelo Programa de Implantação de Bibliotecas Escolares, na França, na gestão de F. Mitterrand. No período 1994-98, foi representante do governo francês, no Projeto Pró-Leitura (MEC/Ministério de Relações Exteriores da França).

Em iniciativa do Colabori - Colaboratório de Infoeducação - do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, pesquisadores, estudantes e profissionais do Brasil e da França estarão reunidos para compartilhar experiências em políticas de informação, educação e leitura, com o objetivo de aprofundar reflexões sobre o conceito de aprendizagens informacionais.

Confira a programação e participe! Entrada gratuita.

20/10/08
(2ª feira)
9h
: Abertura oficial - Assinatura de declaração de interesse em parceria Colabori/USP e Sociedade Beneficente Israelita Hospital Albert Einstein tendo em vista desenvolvimento de Estação do Conhecimento Laboratório, na Comunidade de Paraisópolis
10h30 – 12h00: Palestra- Prof. Dr. Max Butlen: "Leitura - expropriação e apropriação cultural"

Casa da Criança de Paraisópolis:
Rua Manoel Antonio Pinto, 210 - Paraisópolis

21/10/08
(3ª feira)
9h às 12h
: Palestra - Prof. Dr. Max Butlen:
"Leitura em Rede: a importância das redes de mediação de leitura". Debatedor: Prof. Dr. Edmir Perrotti (ECA/USP)
Auditório Lupe Cotrim / ECA – USP. Av. Prof. Dr. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária São Paulo – SP

23/10/08
(5ª feira)
14h às 16h
: Palestra - Prof. Dr. Max Butlen: "Políticas de Informação e de Leitura na França: 1980-2000"
Debatedor: Prof. Dr. Edmir Perrotti (ECA/USP)
Mediadora: Profa. Dra. Ivete Pieruccini

Auditório Lupe Cotrim / ECA – USP. Av. Prof. Dr. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária São Paulo – SP
Realização: Colabori / ECA – USP/CBD/ECA-USP/ PPG-CI/ECA-USP
Apoio: Sociedade Beneficente Israelita Hospital Albert Einstein, Comissão de Cultura e Extensão Universitária / ECA-USP e Editora Paulinas.
Mais informações:
www.colabori.blogspot.com

quinta-feira, 31 de julho de 2008

... e quem vai dizer "tchau"

Hoje chegando ao abrigo encontrei algumas crianças e monitoras chorando, irritadas e bravas com o fato de “03 tias” terem deixado o Abrigo - é que o contrato delas havia vencido e agora a Prefeitura deveria contratar outras. Neste caso podemos imaginar o Abrigo como mais um departamento dentro da Prefeitura, regido pelo seu sistema burocrático, difícil é explicar isso para crianças e adolescentes de 00 a 18 anos.
Pensei nesse momento sobre aquela idéia de estabelecer ou não vínculos com essas crianças, mas verificando sobre esse conceito, não vejo como haver mediação cultural dialógica sem o estabelecimento de vínculos.
Vínculo é definido por Pichon-Rivieré como "uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua interelação com processos de comunicação e aprendizagem." Segundo essa teoria o homem é um ser-em-relação, ou seja, está envolvido numa estrutura dinâmica e movido por motivações em campos externo e interno a si. A aprendizagem se situa num jogo contínuo entre esses campos onde o vínculo contém em si a contradição da permanência – uma identidade ou uma dinâmica própria – e, da transformação constantemente – por conta dos papéis que as pessoas têm em suas histórias indivíduais e sociais integradas em tempo e espaço.
Esse foi o momento que presenciei, mas como trabalhar a desvinculação? Penso que uma das respostas possa estar na transformação, enquanto crescimento emocional, psicológico e intelectual não só das crianças e adolescentes que ali ficaram como também dos monitores. Assim como há um “aquecer” no processo de estabelecimento de vínculos, deverá haver também esse "aquecer" para a desvinculação, ou seja, as pessoas envolvidas se preparam para esse momento, como numa estação, os que vão ficar acenando “tchau” e os que vão...
Faz parte da vida ficar e partir, mas é preciso sabedoria tanto para ficar como para partir...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Acesso e Apropriação

"Nenhum signo cultural, quando compreendido e dotado de um sentido, permance isolado: torna-se parte da unidade da consciência verbal constituída. " (Bakhtin) Compreender é transformar as informções que esse me apresenta em conhecimento, é estabelecer conexões, é tranformar informações em conhecimento... Todo o espaço com seus objetos é permeado pelas relações humanas. Há duas semanas temos conversado sobre o planeta, suas formas topográficas, rios, continentes, pessoas diferentes, por esses motivos jogamos o jogo “Terra”. Nesse jogo os jogadores têm que viajar pelo Brasil, é interessante para aprender um pouco de geografia. Estava junto com a gente a filha de uma das faxineiras do Abrigo, a princípio ela ficava só olhando e não queria jogar, então, quando já estávamos na segunda rodada, ela queria entrar, mas daí já não dava mais, mesmo assim ela queria dar as peças conforme o jogo ia acontecendo, bom, era um jeito que ela achou para participar.
Por conta dessa onda de Brasil/Japão contei a lenda do Tsuru, enquanto o criávamos com nossas mãos, demostrando que não era um simples dobrar de papel, mas esse dobrar recheado de significações demostrava a circularidade espiralada da vida. Fizemos isso na mesa do refeitório e isso causou uma sensação em algumas crianças, elas queriam demonstrar que sabiam dobrar papel e criar formas com esses, inclusive o garoto "Consegue Sempre se Machucar", esse prestou muita atenção. Novamente, a filha da faxineira também queria participar e pedia a todo instante a minha atenção. E ela chamou a minha atenção para o fato de que existe tanto a necessidade de acesso quanto de apropriação, esses devem ser concomitantes...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

... só que tem que ser aos poucos...

A cidade parecia ainda dormir sob aquela pesada neblina....
... nada se enxergava...
as crianças queriam mais cama, as que não tiveram que acordar cedo pra ir à escola ainda não haviam tomado café, então tive que esperar por elas, e mais um pouco pela adolescente que resolvera ir também à Biblioteca. Hoje era dia deles devolverem os livros e renovar aqueles que não haviam terminado de ler. A Adolescente comentava comigo que o livro de Shakespeare era um pouco chato, mas que ela leria assim mesmo. Bom, esse é um dos objetivos do projeto: fornecer-lhes ferramentas ou auxiliar na construção de repertórios que facilitem o entendimento de outras linguagens como, por exemplo, essa do Shakespeare. "é, mas isso tem que ser aos poucos." - "Exatamente, tem que ser aos poucos... e sempre."
Que delícia! Uma das monitoras que ficara com o livro “A vassoura encantada” dizia sobre a história, então lhe propus se ela poderia contar a história de boca em uma roda para as crianças ao que ela topou! Então para daqui duas semanas teremos essa roda de história com a Tia Monitora!!!!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Quand les enfants se désintoxiquent des écrans

Mardi 20 mai, les 254 élèves de l'école primaire du Ziegelwasser se sont lancé un défi périlleux : se passer d'écrans de télévision, ordinateurs et autres consoles de jeux pendant dix jours. Les journalistes se sont bousculés à la porte de l'école, classée en ZEP, dans le quartier populaire du Neuhof, à la périphérie de Strasbourg. La secrétaire d'Etat à la famille, Nadine Morano, a même fait le déplacement.
Accédez à l'intégralité de cet article sur Lemonde.fr

http://www.lemonde.fr/societe/article/2008/05/29/quand-les-enfants-se-desintoxiquent-des-ecrans_1051343_3224.html

quarta-feira, 28 de maio de 2008

... onde estão as teorias para responder...

"Quanto a mim, o resultado principal dessas leituras foi uma convicção firme, e, subitamente, não sei por que, fundamental, de que nas minhas mãos não existia nenhuma ciência nem teoria nenhuma, e que a teoria tinha de ser extraída da soma total dos fenômenos reais que se desenrolavam diante de meus olhos. No começo eu nem sequer compreendi, mas simplesmente vi, que eu precisava não de fórmulas livrescas, as quais eu poderia aplicar aos fatos de qualquer maneira, mas sim de uma análise imediata e uma ação não menos urgente."
Poema pedagógico, v. 1, p.24

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Antes da Estação uma Mala para Viagens


Será uma vez...
Não há nada mais aborrecedor que algo que não funcione. Um livro fechado na estante não significa nada. Livro é para ser usado (lido, relido, estudado, detestado, criticado, amado, praticado...). Além disso, viabilizar o acesso de crianças e adolescentes em situação de abrigo a mundos imaginários e também das possibilidades através da Literatura e das Artes conquistando terras sem fronteiras, constitui um trabalho primordial e de relevância social. É necessário então, reconstruir a auto-estima de cada um a partir de seu universo particular, buscar a identidade do grupo para se chegar a um lugar comum. Por estes motivos é pensada a estruturação e implantação de uma Estação de Conhecimento no Abrigo “Sem citar o nome”, a qual irá ao encontro das necessidades de seus protagonistas (das crianças e adolescentes abrigados, mas também dos monitores, cuidadores, pedagogos, psicólogos...). Esta deverá possuir um acervo generalizado e, por outro lado, especializado em Artes, Literatura, Literatura Infantil e Juvenil, além de dispor de Gibiteca e Brinquedoteca, para possibilidades diferentes, para reconhecer no outro, alegrias, angústias e saídas passíveis da existência humana. Vivências estas que não se observam sem o livre acesso à leitura e aos bens culturais.
Enquanto isso...
Enquanto não temos a Estação, preparamos a Mala, que não deixa de ser um começo para uma deliciosa viagem, através da leitura da literatura infantil e juvenil, também podemos ir à Biblioteca Pública e exercer um pouco da cidadania fazendo ali a inscrição e obtendo uma carterinha para retirar os livros desejáveis. Nesses encontros como grupo algo fica perdido, porque todos querem falar e ter atenção ao mesmo tempo, então foi pensado uma mediação de leitura, de cultura e de informação personalizada. O “contar histórias”, a “ida a Biblioteca”, as “trocas sobre leituras” e as “oficinas” acontecem com no máximo três pessoas, sendo duas delas de características próximas (idade, sexo, afinidades, gosto, compreensão intelectual) e uma outra, necessariamente, o mediador.
E assim...
Se existe uma distância entre os bens culturais e este público, a instalação da Estação com os programas de leitura, as interações destes com o universo de seus agentes, bem como, a mediação do texto escrito e a mediação cultural visam aproximá-los com o objetivo de facilitar a compreensão da obra, seu conhecimento sensível e intelectual, de maneira a inserir este público não somente no contexto cultural, mas, sobretudo social. Busca-se, portanto, através de ações sistemáticas levar a criança e o adolescente a se apropriar simbolicamente de informações culturais objetivando seus protagonismo.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sou otimista! antes mesmo de Ter que ser otimista!!!

Olá amigos! É sempre bom compartilhar experiências, por isso estou aqui! Trabalhar com crianças é sempre um desafio enorme, principalmente quando se trata de um Abrigo! Você se depara com cada situação que começa acreditar em intuição... sexto sentido... anjo da guarda... ou seja... em inspirações impressionantes! Nosso amiguinho de apenas 04 aninhos é extramamente agitado e inteligente, e conseqüentemente não pára na escola e em nenhum outro lugar! Eis que sua professora o filmou fazendo seu "piti" durante a Hora Cívica na escola... não sabíamos mais o que falar ou fazer para isso mudar... quando de repente... surgiu a idéia de comparar a Hora Cívica com os jogadores de futebol que cantam seus hinos específcos e do Brasil antes dos jogos! E este nosso amiguinho é Corinthiano!!! A surpresa maior ocorreu quando li em seu caderno, o recadinho da Professora elogiando se comportamento naquele dia!!! é... espero que essas inspirações sempre me ajudem nesses momentos críticos!!!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma mala de histórias pra viajar...


Quantas viagens - o seu término, o seu início numa estação de trem, de ônibus, de conhecimento... O que haveria numa estação de conhecimento? qual seria meu bilhete de troca, antes, o que poderia entregar para receber tal passagem... Qual o valor dessa passagem, quem determina esse valor, quem recebe ou quem dá... quem vai facilitar tal operação... Se não há a estação, se não há o encontro, posso ficar andando com minha mala a procura, a procura de um lugar, de um olhar que possa me recepcionar e quem sabe até me hospedar.

Era uma quarta-feira chuvosa e um pouco fria, levava comigo um casaco, um guarda-chuva enorme xadrez e uma mala preparada no dia anterior com aquelas histórias que pensei, talvez pudesse interessar. Ao descer do ônibus desaba uma tempestade, fico com as pernas das calças e sapatos encharcados. E lá fui imaginando como seria chegar a esse abrigo dessa maneira. Como as crianças reagiriam. Já havia combinado com as psicólogas que eu chegaria como uma estranha, procurando por crianças que quisessem ouvir minhas histórias e tantas outras que levava comigo naquela mala.

Ao chegar ao abrigo, até mesmo as psicólogas que eu havia conhecido e conversado há uma semana, se surpreenderam com o meu trajar.
Ao me verem, algumas crianças já foram dizendo: “Não deixa ela entrar” “É, manda ela embora!” Ao ouvir isso disse quase que simultaneamente com uma outra psicóloga: Eu dizia: “Tudo bem, eu vou, é que trago comigo muitas histórias, mas já que eles não querem ouvir, deve haver outro lugar com crianças querendo ouvir as muitas histórias que trago na mala...” e já ia saindo e ouvindo a psicóloga dizendo: “Puxa vida, é assim que vocês tratam visitas!?” e eu continuava dizendo: “Vou encontrar outras crianças pra ouvirem as histórias, já que essas crianças não gostam...” e então, as crianças começaram a gritar e falar juntas: “Não, não vai não!” “Fica!” “A gente quer ouvir histórias sim!” ... Então, entrei, eles arranjaram um lugar pra mim em meio às almofadas, enquanto me perguntavam de onde eu era, como tinha chegado ali, o que tinha na mala... Eu ia respondendo e misturando minha história com as histórias da mala e eles ouviam tudo de olhos abertos, prestando muita atenção, ao final perguntei se poderia voltar, ao que eles responderam que sim, então deixei alguns livros com eles, inclusive com a Tia monitora, a qual prestou também bastante atenção e me fez perguntas, “É verdade que se a gente ler bastante melhora a nossa caligrafia?”...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Os Irmãos Grimm

Uma reunião
Tive uma pequena reunião com a assistente social quando fico sabendo que entraram mais duas internas: um bebê com alguns dias de vida e uma adolescente transferida de outro abrigo. Ela, a assistente social, também me deu uma relação dos horários das crianças e através deste posso dispor as horas individuais. Trata-se de uma questão que trago comigo já há pelo menos 03 anos. Ao tratar da leitura como uma ação cultural para crianças que estão em situação de risco não deve ser, pelo menos a princípio, através de esquemas grupais, ou seja, tal criança ou adolescente deverá ser vista no seu individual, de maneira personalizada. Certamente virão questões como aquelas em relação ao criar ou não vínculos e, que vínculos são esses? Então a idéia de trabalhar o viés da leitura com duas crianças no máximo poderá responder positivamente a questão da apropriação simbólica da informação cultural visando o seu protagonismo.

Os Irmãos Grimm
Manhã fria... de uma quarta-feira – 30 de abril de 2008
Pedi ajuda a uma das meninas pra organizar a sala para o filme, muito bem, vamos assistir ao filme, uma das crianças (havia três crianças e duas adolescentes) me disse que não assistiria àquele filme porque “dava medo só de ver a capa do DVD” e saiu, as adolescentes também assistiram a um pedaço e depois foram ao dentista. Então ficamos eu, um garoto de nove anos, este acompanhou ao filme, e um outro de cinco, este, como é de praxe, tumultuou o quanto pode!!! Mas no final prestou atenção ao que estava acontecendo à história.
Tarde mais fria... do mesmo dia
Se a manhã fora daquele jeito imagina à tarde com todas as crianças por lá – as 14, com exceção do “tumultuador” =) !!!!
Estavam atrasados para o lanche, consequëntemente atrasados para o filme.
Enquanto eles terminavam o lanche fui organizando “nosso cinema” – terminado isso, fui falar a eles do que se tratava o filme e, principalmente, se não fosse pelas anotações feitas pelos Irmãos Grimm, hoje não teríamos as histórias que preenchem nossas infâncias.
Mais uma vez me engano com a turma da tarde... se aninharam, apagamos as luzes e todos ficaram no maior silêncio acompanhando o filme e sempre questionando quando não entendiam alguma passagem, alguns deles (três) iam reconhecendo, conforme ia aparecendo, os personagens e partes de histórias (Chapeuzinho Vermelho, João e o pé de feijão, Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Bela Adormecida, dentre outras). Após o filme também disseram o que mais dava medo e um deles disse: “o que mais dá medo mesmo é a Loura do Banheiro!!!” (
Essa é uma outra história...)
Ah! "O tumultuador" chegou uns vinte minutos antes de acabar o filme, pensei: “agora está tudo perdido!” Mas como quando ele entrou estava tudo escuro, inclusive a luz do corredor e ao ver as crianças no maior silêncio, acho que resolveu não fazer barulho. Convidei-o pra se sentar ao meu lado e ele ficou quietinho prestando atenção, inclusive se lembrou do “bafinho da bruxa”. Aquele bafinho de 500 anos que apagou todo o incêndio da floresta...
... nesse dia ainda aproveitei para conversar com uma das meninas que estava muito brava porque alguém havia mexido em suas coisas...
Estou acreditando que uma mediação mais personalizada dará conta de muitos "recados".

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Bela e a Fera

Hoje 16 de abril, cheguei ao abrigo e encontrei uma cena diferente... um dos garotos lia um livro pra tia monitora, a Bela e a Fera. Essa tia estava sentada com um outro em seu colo e prestavam atenção à história. Então o garoto (09 anos) pediu que eu continuasse a história. No entanto, foi só eu começar a ler que as crianças se dispersaram, ficando apenas a tia monitora e o garoto ouvindo a história.
Em alguns momentos acredito que a história deva continuar independentemente de quem quer "tumultuar o meio de campo".

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À tarde fiquei com as crianças enquanto a tia monitora teve que sair pra resolver algo. Ao sair ela me disse: "Eles estão impossíveis, precisam de atividades, de brincadeiras que os entretenha, e não têm." Parecia uma indireta, aceitei... pedi à uma das adolescentes se por acaso não haveria algum lenço ou um pano que pudéssemos usar... Ela achou algumas toalhas de rosto, então brincamos de perder a visão...
A princípio as adolescentes irmãs não quiseram participar, mas logo começaram a participar... interessante que sempre as crianças aproveitam dessa brincadeira pra fazer com que o outro se machuque. Algumas quiseram andar sozinhas e as mãos iam experimentando as paredes, os móveis...
Emendei a essa brincadeira um pouco da história “Ensaio sobre a cegueira” - Saramago. As crianças, todas pré-adolescentes, conforme ouviam algum pedaço da história iam se sentando em volta de mim com o olhar bem atento, prestando atenção, parecia que pensavam, "Meu Deus, como é possível um mundo onde somente uma pessoa veja?!..."

sábado, 26 de abril de 2008

Concurso literário e de Poesia

6º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS / 2008
Objetivando incentivar a literatura no país, dando ênfase na publicação de textos, a GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA. promove o 6º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS, composto por duas categorias distintas: a) Contos; b) Poesias.
Informações: www.guemanisse.com.br editora@guemanisse.com.br

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Livros: a quem pode interessar?...

As cores, brilhos e imagens em movimento exercem seu fascínio e o que vemos, finalmente, é um verdadeiro processo de ‘adoção’ das crianças pela TV. Capturada sua atenção, estabelecida a rendição, o que se passa na telinha vai se tornando cada vez mais familiar, compreensível, vai adquirindo sentido e se transforma em um currículo, mais poderoso do que a escola. É assim que suas subjetividades passam a ser conformadas por este artefato. COSTA, Marisa Vorraber. Ensinando a dividir o mundo; as perversas lições de um programa de televisão. Revista Brasileira de Educação, n. 20, maio/Jun/Jul/ago 2002.
... foi assim que encontrei as crianças na manhã de quarta-feira (0904) assistindo a um desenho da Disney.
Fiquei pensando nessa concorrência e de que maneira elas podem ser usadas a favor, só descobrindo esse universo onde eles se inserem é que podemos constituir modelos representativos e identificativos, como é o caso da procura pelos livros do Castelo Rá-tim-bum e do Babar.
Levar em consideração ainda, seus universos históricos-individuais, as histórias que ouvem e participando ou não alimentam seus imaginários.
... ...
Esse seria também o dia de devolução dos livros à Biblioteca Pública, devido a falta de uma das monitoras, fui apenas com duas meninas. Uma delas, 15 anos, era a primeira vez que entrava em uma biblioteca. Ela escolheu dois livros infantis, embora não saiba ler, disse-lhe que o contato com a escrita vai facilitar a sua descoberta... (vamos ver) A outra menina gostaria de levar um livro grande e pesado, parecia que a forma interessava mais que o conteúdo... Mas quando foram apresentados diversos, decidiu por não levar, afinal não havia ali livros de seu interesse.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Continuidade eis uma palavrinha difícil...

... mas como é boa!
Dar continuidade, prosseguir nem sempre é fácil, ainda mais quando os caminhos são tortuosos e nos deparamos com um inesperado a contra-gosto.
Não quereria ir à tarde! Estava esgotada com a manhã que tivera... Mas como prometera, resolvi ir. Munida com a mala de histórias e de uma câmera digital segui em direção ao abrigo. Estava pensando, como seria, afinal todas as crianças estariam lá (com exceção de três).
A câmera fora uma isca, e permiti que tirassem fotos, algumas delas colocarei aqui. Quiseram então, carregar a mala e se ocuparam dela. Abriram e se serviram dos livros.
As duas meninas novas estavam lá e quiseram ouvir uma história de bruxa - "A Bruxa Salomé" - de Audrey Woody e Dom Woody.
Aguns que já haviam ouvido a história se aproximaram no momento do desfecho, dizendo o que iria acontecer... Enquanto contava a história, dois meninos menores se dispuseram cada qual em seu canto com almofadas e "liam" os livros.
Obs: Os livros do Castelo Ra-Tim-Bum faz sucesso e o do Baba também, há uma identificação devido aos programas na televisão.
À tarde foi uma outra história... Mas é preciso pensar em algo a respeito dos "desestruturantes", levando em consideração que nem sempre são os mesmos...
que hacer?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Meninas novas no pedaço!

Diz que as crianças ficam agitadas quando sai ou entra criança no Abrigo, se for assim, sempre estarão agitadas! Foi assim quarta passada, à tarde, quando não pudemos fazer a visita à Biblioteca e foi assim hoje pela manhã.
NEGOCIAÇÃO OU AMEAÇA?
Quando digo, "então, não vou contar mais histórias! Já que estão de mal de mim é porque não me querem mais, por isso vou embora!" - é certo que iria mesmo! Uma vez que, não faz sentido criar um dispositivo... espera aí! quado falo dispositivo, estou pensando em todos os regimes citados por aquele que primeiro o definiu? Foucault, neste caso deve haver também uma linha de força e todas as outras! Isso porque um dispositivo não é objeto nem sujeito, mas regimes por onde atrevessam essas linhas.
Então a negociação se dá em todos os campos e níveis! Nesse sentido também eu que estou levando histórias e propondo ações também passo pelos mesmos processos.
A realidade educacional brasileira GRITA!!!! Enquanto que a realidade cultural, essa coitada, já não tem nem mais garganta! Duas meninas recém-chegadas ao abrigo, adolescentes, não sabem ler! Se quer sabem suas idades! Uma delas diz gostar de fadas madrinhas e tenta escrever, sem sucesso, isto em um papel. Hoje foi proposto que dissessem o que gostam de ver na TV e que tipo de história gostam de ouvir. A tarefa não fora concluída, isso porque, duas das cinco crianças presentes, estavam o tempo todo boicotando qualquer tipo de atividade quando diziam que "estavam de mal"!.

Continuaremos... porque
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Fernando Pessoa

sexta-feira, 28 de março de 2008

Eu amo tudo o que foi

Um passarinho que passou por Portugal trouxe no bico esta poesia e pediu piupiuzando para colocar em nosso Bolg...

"Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."

Fernando Pessoa, 1931.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Visita à Biblioteca Pública: uma aventura em três atos.

IDA
Aquela escada tão larga, nela haviam janelas escuras que davam para o nada cheio de estranheza em seu interior,
dali poderiam surgir monstros!
... Bruxas! Baratas! Fantasmas!
e sei lá mais o quê...
Assim fomos encontrando outros seres reais, talvez mais distantes que os fantasmas, a realidade impõe.


Ao chegar a Biblioteca algumas crianças já sabiam onde ficava a sala infantil e puderam procurar à vontade, mas o que será que queriam?
Um livro pesado?
Um livro que não estava escrito na nossa língua?
Um livro em uma caixa com outro bem pequeno dentro?
... o que será que interessa?
E a pesquisa que outro precisava fazer?
"Tenho que copiar tudo isso?"
E preguiça de de querer entender?
Localizar seu nome numa lista, dizer quem era e quando tinha nascido, foi importante para fazer o cartão que agora o identificava como "usuário" daquela biblioteca. E agora poderia levar DOIS livros para ler onde bem entendesse!
Eles se espalharam, multiplicaram-se, povoaram aquele lugar (que certamente não é uma biblioteca) Ruidosamente.

VINDA
Sem chicletes?
Nem um carrinho?
Assim, fico de mal. Vou fazendo "birra" o quanto EU puder!!!! Fico para tráz! Ou então corro, corro, sem olhar, - Vem vindo carro? Alguem está vendo por mim! Afinal só tenho 05 anos!!! Os outros sabem...
eu ainda não Tenho que saber...
SERÁ?

sábado, 22 de março de 2008

Desejos



Desejo a você

Fruto do mato

Cheiro de jardim

Namoro no portão

Domingo sem chuva

Segunda sem mau humor

Sábado com seu amor

Filme do Carlitos

Chope com amigos

Crônica de Rubem Braga

Viver sem inimigos

Filme antigo na TV

Ter uma pessoa especial

E que ela goste de você

Música de Tom com letra de Chico

Frango caipira em pensão do interior

Ouvir uma palavra amável

Ter uma surpresa agradável

Ver a Banda passar

Noite de lua Cheia

Rever uma velha amizade

Ter fé em Deus

Não Ter que ouvir a palavra não

Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança

Ouvir canto de passarinho

Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor

Que nunca será rasgado

Formar um par ideal

Tomar banho de cachoeira

Pegar um bronzeado legal

Aprender um nova canção

Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada

Pôr-do-Sol na roça

Uma festa

Um violão

Uma seresta

Recordar um amor antigo

Ter um ombro sempre amigo

Bater palmas de alegria

Uma tarde amena

Calçar um velho chinelo

Sentar numa velha poltrona

Tocar violão para alguém

Ouvir a chuva no telhado

Vinho branco

Bolero de Ravel

E m u i t o c a r i n h o m e u .

Carlos Drummonde de Andrade