quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Bela e a Fera

Hoje 16 de abril, cheguei ao abrigo e encontrei uma cena diferente... um dos garotos lia um livro pra tia monitora, a Bela e a Fera. Essa tia estava sentada com um outro em seu colo e prestavam atenção à história. Então o garoto (09 anos) pediu que eu continuasse a história. No entanto, foi só eu começar a ler que as crianças se dispersaram, ficando apenas a tia monitora e o garoto ouvindo a história.
Em alguns momentos acredito que a história deva continuar independentemente de quem quer "tumultuar o meio de campo".

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À tarde fiquei com as crianças enquanto a tia monitora teve que sair pra resolver algo. Ao sair ela me disse: "Eles estão impossíveis, precisam de atividades, de brincadeiras que os entretenha, e não têm." Parecia uma indireta, aceitei... pedi à uma das adolescentes se por acaso não haveria algum lenço ou um pano que pudéssemos usar... Ela achou algumas toalhas de rosto, então brincamos de perder a visão...
A princípio as adolescentes irmãs não quiseram participar, mas logo começaram a participar... interessante que sempre as crianças aproveitam dessa brincadeira pra fazer com que o outro se machuque. Algumas quiseram andar sozinhas e as mãos iam experimentando as paredes, os móveis...
Emendei a essa brincadeira um pouco da história “Ensaio sobre a cegueira” - Saramago. As crianças, todas pré-adolescentes, conforme ouviam algum pedaço da história iam se sentando em volta de mim com o olhar bem atento, prestando atenção, parecia que pensavam, "Meu Deus, como é possível um mundo onde somente uma pessoa veja?!..."

sábado, 26 de abril de 2008

Concurso literário e de Poesia

6º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS / 2008
Objetivando incentivar a literatura no país, dando ênfase na publicação de textos, a GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA. promove o 6º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS, composto por duas categorias distintas: a) Contos; b) Poesias.
Informações: www.guemanisse.com.br editora@guemanisse.com.br

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Livros: a quem pode interessar?...

As cores, brilhos e imagens em movimento exercem seu fascínio e o que vemos, finalmente, é um verdadeiro processo de ‘adoção’ das crianças pela TV. Capturada sua atenção, estabelecida a rendição, o que se passa na telinha vai se tornando cada vez mais familiar, compreensível, vai adquirindo sentido e se transforma em um currículo, mais poderoso do que a escola. É assim que suas subjetividades passam a ser conformadas por este artefato. COSTA, Marisa Vorraber. Ensinando a dividir o mundo; as perversas lições de um programa de televisão. Revista Brasileira de Educação, n. 20, maio/Jun/Jul/ago 2002.
... foi assim que encontrei as crianças na manhã de quarta-feira (0904) assistindo a um desenho da Disney.
Fiquei pensando nessa concorrência e de que maneira elas podem ser usadas a favor, só descobrindo esse universo onde eles se inserem é que podemos constituir modelos representativos e identificativos, como é o caso da procura pelos livros do Castelo Rá-tim-bum e do Babar.
Levar em consideração ainda, seus universos históricos-individuais, as histórias que ouvem e participando ou não alimentam seus imaginários.
... ...
Esse seria também o dia de devolução dos livros à Biblioteca Pública, devido a falta de uma das monitoras, fui apenas com duas meninas. Uma delas, 15 anos, era a primeira vez que entrava em uma biblioteca. Ela escolheu dois livros infantis, embora não saiba ler, disse-lhe que o contato com a escrita vai facilitar a sua descoberta... (vamos ver) A outra menina gostaria de levar um livro grande e pesado, parecia que a forma interessava mais que o conteúdo... Mas quando foram apresentados diversos, decidiu por não levar, afinal não havia ali livros de seu interesse.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Continuidade eis uma palavrinha difícil...

... mas como é boa!
Dar continuidade, prosseguir nem sempre é fácil, ainda mais quando os caminhos são tortuosos e nos deparamos com um inesperado a contra-gosto.
Não quereria ir à tarde! Estava esgotada com a manhã que tivera... Mas como prometera, resolvi ir. Munida com a mala de histórias e de uma câmera digital segui em direção ao abrigo. Estava pensando, como seria, afinal todas as crianças estariam lá (com exceção de três).
A câmera fora uma isca, e permiti que tirassem fotos, algumas delas colocarei aqui. Quiseram então, carregar a mala e se ocuparam dela. Abriram e se serviram dos livros.
As duas meninas novas estavam lá e quiseram ouvir uma história de bruxa - "A Bruxa Salomé" - de Audrey Woody e Dom Woody.
Aguns que já haviam ouvido a história se aproximaram no momento do desfecho, dizendo o que iria acontecer... Enquanto contava a história, dois meninos menores se dispuseram cada qual em seu canto com almofadas e "liam" os livros.
Obs: Os livros do Castelo Ra-Tim-Bum faz sucesso e o do Baba também, há uma identificação devido aos programas na televisão.
À tarde foi uma outra história... Mas é preciso pensar em algo a respeito dos "desestruturantes", levando em consideração que nem sempre são os mesmos...
que hacer?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Meninas novas no pedaço!

Diz que as crianças ficam agitadas quando sai ou entra criança no Abrigo, se for assim, sempre estarão agitadas! Foi assim quarta passada, à tarde, quando não pudemos fazer a visita à Biblioteca e foi assim hoje pela manhã.
NEGOCIAÇÃO OU AMEAÇA?
Quando digo, "então, não vou contar mais histórias! Já que estão de mal de mim é porque não me querem mais, por isso vou embora!" - é certo que iria mesmo! Uma vez que, não faz sentido criar um dispositivo... espera aí! quado falo dispositivo, estou pensando em todos os regimes citados por aquele que primeiro o definiu? Foucault, neste caso deve haver também uma linha de força e todas as outras! Isso porque um dispositivo não é objeto nem sujeito, mas regimes por onde atrevessam essas linhas.
Então a negociação se dá em todos os campos e níveis! Nesse sentido também eu que estou levando histórias e propondo ações também passo pelos mesmos processos.
A realidade educacional brasileira GRITA!!!! Enquanto que a realidade cultural, essa coitada, já não tem nem mais garganta! Duas meninas recém-chegadas ao abrigo, adolescentes, não sabem ler! Se quer sabem suas idades! Uma delas diz gostar de fadas madrinhas e tenta escrever, sem sucesso, isto em um papel. Hoje foi proposto que dissessem o que gostam de ver na TV e que tipo de história gostam de ouvir. A tarefa não fora concluída, isso porque, duas das cinco crianças presentes, estavam o tempo todo boicotando qualquer tipo de atividade quando diziam que "estavam de mal"!.

Continuaremos... porque
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Fernando Pessoa