segunda-feira, 18 de junho de 2007

Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto alimentam-se um instante
em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

5 comentários:

Ian Barreto disse...

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Unknown disse...

nesse momento de preguiça
& sono,
não me vem a palavra
certa
para dizer a coisa
certa
sobre
certas
coisas que ainda não tenho
certeza.
nesse momento
vem o cheiro da brisa salgada do poema-água
de FERNANDO PESSOA que,
não tenho certeza,
habita o pensamento-passarinho de meu filho.
nesse momento
vem o cheiro de terra molhada do quintal de minha casa,
onde todas as coisas estão no lugar certo
com certeza.
nesse momento de in
certeza
só tenho desejos
de sono
& calma
& chuva
& beijos
& muitos beijos ...

Cacau Freire disse...

Que esses pássaros posem em muitas e muitas mãos, transmitindo doçura e realização!

Beijos,

Cacau

Cacau Freire disse...

Sônia,

que estes pássaros pousem em muitas e muitas mãos, transmitindo sonhos, doçura e muita esperança aos corações!

Beijos,

Cacau

John D. Godinho disse...

Poems

Poems are
birds that come
nobody knows from where
and touch down on the book
you are reading.
When you close the book,
they take flight,
as if fleeing from a bird trap.
They have no resting place,
no haven,
they feed, for an instant,
from each pair
of hands
and leave.
Then, you look
at your empty hands
wondrously surprised
to know
that their nourishment
was already in you...

Mario Quintana
(translated by John D. Godinho)
Poems in Time’s Hiding Places